POR UM FIO
Através de um espetáculo de circo, dois intérpretes utilizam a acrobacia aérea como técnica para procurarem continuamente o equilíbrio entre dois corpos, usando uma corda solta com duas pontas a 7 metros de altura. Esta corda, este fio impermanente e inconstante, altera a perceção do espectador sobre os corpos em cena.
Partimos desta corda que enforca a necessidade de algo mais do que uma simples conexão. Dependemos desta ligação, desta corda que nos suspende e que nos prende. Que nos amarra, mas nos segura. Qualquer ação desencadeia uma consequência no estado do outro, e é esta dependência que nos obriga a confiar no outro.
Com este espetáculo desenhado para espaço público pretendemos repensar as potencialidades que podem surgir de algo tão simples, humano e volátil. O valor da confiança e a importância da nossa presença no momento presente através desta vertiginosa dança aérea entre dois corpos.
O conceito de presente está em transformação, também como consequência de uma sociedade mais tecnológica, gerida por redes sociais. A forma como nos relacionamos, o aqui, o agora e a noção de real geram uma complexidade nas relações interpessoais. Os novos canais tornam a comunicação mais rápida mas mais distante. Estamos em contato mas longe, uma proximidade superficial, menos real, menos presente.
Toda a relação exige a existência do presente, mais do que isso, depende dele. Propomo-nos assim a rever a ideia associada à palavra "relação" pela sociedade atual. Falar sobre o presente, sobre a presença, sobre o momento em que nos encontramos e sobre como apenas ele, tem total influência no momento que se segue. Relembrar os conceitos de correlação e codependência e do quanto precisamos uns dos outros para viver, voar, existir e ser.