São duas mãos cheias. Duas mãos que não são suficientes para enumerar as histórias, os espetáculos apresentados, os lugares percorridos, os artistas a quem apertámos as mãos, e as inúmeras pessoas que juntaram as suas mãos às nossas, ajudando a construir todos os dias este Festival que chega finalmente à sua décima edição.

O Vaudeville Rendez-Vous é inconformado, desformatado e inquieto. Salta de cidade em cidade, acontece nos espaços mais inusitados, e apesar da maturidade conquistada ao longo de uma década, continua a extravasar fronteiras. Este ano, com uma programação que se alarga a quatro teatros deste Quadrilátero Minhoto – Casa das Artes, Centro Cultural Vila Flor, gnration, e Theatro Gil Vicente. Este programa, repartido entre as salas convencionais e o espaço público, confere a esta edição uma grande pluralidade de formatos, que vão desde a performance-instalação ao circo de inspiração biográfica, confrontando o público com novas formas de escrita dentro destas linguagens. O circo não é apenas uma arte de rua, assim como o teatro não é uma linguagem confinada às tábuas do palco; ambos podem acontecer em qualquer lugar, até mesmo num teatro.

O inconformista Vaudeville Rendez-Vous tem-se afirmado como uma importante montra do que de melhor se produz a nível nacional e internacional, com uma programação simultaneamente experimental e popular, capaz de desassossegar os públicos e confrontá-los com o desconhecido. É cada vez mais urgente praticar esse encontro com o desconhecido, numa prática de permanente questionamento e construção de um olhar curioso e aberto ao mundo.

Ao longo dos anos, temos construído e acompanhado o trabalho de muitos artistas provenientes de várias latitudes. Nestes cinco dias de forte diálogo intercultural, recebemos artistas de origens tão diversas como Bélgica, Brasil, Chile, Coreia do Sul, Espanha, França, Países Baixos, Suíça e, claro, Portugal. São muitas mãos que nos ajudaram a contar até dez. As mesmas mãos que agora se erguem para acenar ao futuro. Contamos mais dez?